terça-feira, 25 de novembro de 2008

GENEGRO*



Miriam Alves

Gemido de negro
Não é poema
é revolta

é xingamento

É abismar-se

Gemido de negro
é pedrada na fronte de quem espia e ri
É pau de guatambu no lombo de quem mandou dar

Gemido de negro
é acampamento de sem-terra no cerrado
É o punho que se fecha em black power

Gemido de negro
é insulto
é palavrão ecoado na senzala
É o motim a morte do capitão
Gemido de negro
é a (re)volta da nau para o Nilo

Gemido de negro...
Quem tá gemendo?





Nenhum comentário: